Natividade de Nossa Senhora, filhos semelhantes à Mãe.
No dia 08 de setembro é a Festa litúrgica da Natividade da Virgem Maria, celebrada nove meses após a sua Imaculada Conceição em 08 de dezembro. De acordo com uma antiga tradição, São Joaquim e Santa Ana, os pais da Virgem Maria, eram estéreis, mas através de orações, súplicas e preces, alcançaram a graça de gerar Aquela que seria a Mãe do Salvador.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4,4), mas, para formar-lhe um corpo, quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, “uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria” (Lc 1,26-27):
“Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida” (CIC§488).
Celebrar a Natividade de Nossa Senhora é poder contemplar o Plano de amor do Pai se materializando em nossa humanidade. E Deus, em sua infinita misericórdia, escolheu Aquela que possuía as maiores virtudes, virtudes dignas de se imitar.
TORNA-NOS IGUAIS A TI
“Torna-nos iguais a Ti, por nós constrói, em toda parte, o teu Reino de Schoenstatt”. Assim reza o Ofício de Schoenstatt no verso 180, mas o que significa tornar-se igual à Mãe de Deus? Não seria muita pretensão nossa querer ser como a Virgem Maria?
Maria, nossa Mãe e Rainha, é o mais perfeito exemplo de santidade. Foi Ela quem aceitou, livre e conscientemente, gerar o Filho de Deus trazendo a salvação para toda a humanidade, desde Adão até o último homem que irá nascer. Fiel durante toda a vida de Jesus e também após sua morte e ressurreição, é a maior cooperadora do Senhor na obra da redenção (Lumen Gentium, 61). E assunta aos céus, é a Onipotência Suplicante que, diante do trono da graça de seu Filho Amado, intercede por cada um de seus filhos.
As virtudes de nossa Mãe são dignas de serem imitadas, vividas e encarnadas em nosso próprio corpo. Maria usou toda a sua liberdade para acolher e cooperar no plano da salvação. Ela confiou na Providência Divina, e sem pensar ou compreender profundamente o que o anjo Gabriel lhe propunha, prontamente aceitou.
Nós somos chamados a ser como uma pequena Maria, e em tudo fazer a vontade do Pai. Assumir o “sim” a Deus em nossa vida, e quando Deus expressar a Sua vontade, que nós possamos dizer “Fiat” (Faça-se), e como a Mãe de Deus nos tornarmos Tabernáculos Vivos levando Jesus ao mundo.
Ensina-nos o Beato Isaac de Stella:
Por isso, nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui de modo geral à Igreja, virgem e mãe, aplica-se particularmente a Maria. (…) Além disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda. É a própria Sabedoria de Deus, o Verbo do Pai, que designa ao mesmo tempo a Igreja em sentido universal, Maria num sentido especial e cada alma fiel em particular.
Eis o que diz a Escritura: E habitarei na herança do Senhor (cf. Eclo 24,7.13). A herança do Senhor é, na sua totalidade, a Igreja, muito especialmente é Maria, e de modo particular, a alma de cada fiel. No tabernáculo do seio de Maria, o Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, habitará até o fim do mundo; e no amor da alma fiel, habitará pelos séculos dos séculos. (Liturgia das Horas – Sábado da 2ª Semana do Advento II Semana do Saltério)
Os Evangelhos nos ensinam que Maria foi aquela que mais cumpriu a vontade de Deus, e não buscou visibilidade, mas sempre apontou para o Filho Amado. Seja em Nazaré, em Belém ou no Egito, a Virgem Mãe guardava todas as coisas no silêncio do seu coração e se deixava levar pela fé prática na Divina Providência. Lembrando da cena das Bodas de Caná, Maria viu o constrangimento pela falta de vinho e foi em busca de Jesus, pois Ele, e só Ele poderia resolver aquela situação. “Fazei tudo o que Ele vos disser”, disse a Mãe, como se dissesse “Só Ele pode nos ajudar, pois Ele é o Filho de Deus.” (João 2)
Fiel até a cruz, Maria se manteve de pé, com uma espada de dor rasgando o seu coração, acolhendo com ternura Jesus nos seus braços somente após a morte. Ela confiou, e como diz uma antiga tradição, contemplou o Filho ressuscitado ao terceiro dia.
Mulher de oração, permaneceu no Cenáculo aguardando a vinda do Espírito Santo, e aquela que gerou o Cristo gerou também a Igreja, o seu corpo místico, no glorioso dia de Pentecostes, e por isso a chamamos também de Mãe da Igreja.
Por sua fidelidade e amor, foi assumida por Deus sendo elevada ao céu de corpo e alma, e coroada como Rainha do céu e da terra. Hoje Ela continua sua missão colaborando fielmente no plano da salvação, intercedendo por cada um de nós, seus filhos, para possamos participar da festa que não tem fim, “do banquete das núpcias do Cordeiro”. (Apocalipse 19,9)
No Hino do Instrumento, o Pai Fundador reza: “Torna-nos semelhantes a Tua imagem, como Tu, passemos pela vida fortes e dignos, simples e bondosos, espalhando amor, paz e alegria. Em nós percorre o nosso tempo, prepara-o para Cristo.” (Rumo ao Céu 609)
Busquemos viver as virtudes da Mãe de Deus em nossa vida, deixemos que Ela nos eduque, e “sob sua proteção nos tornemos personalidades firmes, livres e sacerdotais”. (Documento de Pré-Fundação de Schoenstatt, 1912)
Qual virtude da Mãe de Deus mais te encanta?
Qual virtude da Mãe de Deus você deseja imitar?
O universo, com alegria, dê glória ao Pai, no Espírito Santo, em seu esplendor, louve-o por Cristo e com Maria, agora e na eternidade. Amém. (Rumo ao Céu Ofício de Schoenstatt)
Por Kennedy Rocha
* Kennedy Rocha pertence ao Ramo da Liga de Famílias de Schoenstatt do Santuário Tabor da Liberdade