“Não sabem o que fazem”

18 de julho de 2020

Danilo Eduardo da Silva via Fotografia Religiosa

 

Enquanto vivemos cercados de pessoas, seja em nossas famílias, grupos de amigos, colegas ou mesmo na Igreja, como servos de Cristo, estamos sujeitos a decepções, abandonos e desprezos que continuamente vêm à nossa memória e ferem nosso ânimo de caminhar.

 

Sabendo disso, o Cristo que nos ordena “amar uns aos outros”(1) é o mesmo que nos ordena perdoar e perdoar sempre(2), cientes de que a medida do nosso perdão aos irmãos será a medida com que o Pai nos perdoará(3). Neste contexto, é comum que muitos desses episódios nos marquem de maneira íntima e profunda, provocando paralisias em nossas convivências e em nossa caminhada como cristãos. Pessoas cujas presenças nos provocam os mais diversos sentimentos e reações; aversões, ressentimento, ódio e o mais diabólico dos sentimentos, a indiferença! 

 

Não há uma fórmula mágica que nos impeça de passar por tais situações, mas a Palavra de Deus nos ajuda a buscar um remendo novo para uma roupa nova, um novo significado para o que parece ser sempre um desastre. Ao se deparar com os paralíticos de Cafarnaum(4) e de Jerusalém(5), Jesus lhes dá uma ordem: “Levanta-te” e junto ao comando, Cristo lhes confere a graça da cura! Ora, se Deus nos ordena algo, Ele mesmo dará todos os dons que nos são necessários para levar ao término a sua obra. Portanto, se Ele nos diz para perdoarmo-nos mutuamente Ele mesmo nos dará, pela força do Espírito Santo, a graça de levar ao termo sua ordem. 

 

Sabemos que pela fidelidade do Senhor, não nos sobreveio tentação alguma que estivesse acima das nossas capacidades(6). Ninguém diga, “não posso perdoar”, “não consigo fazê-lo”! Se vivemos em Cristo, confiantes em sua graça, sabemos que “nada podemos fazer sem Ele(7) mas tudo podemos junto àquele que nos fortalece(8). 

 

Dentre as sete Palavras de Cristo na Cruz, Ele diz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”(9). Como Jesus, podemos atribuir um novo significado às situações dolorosas e direcionar tudo à caridade(10). Pessoas que nos fizeram mal, muitas vezes, nem sequer tomaram conhecimento disso, nem imaginam a quem ofenderam ou o quão profundas foram as consequências de suas atitudes. Amparados por Cristo dizemos: “não sabem o que fazem, são inocentes”.      

 

 

E o que ganhamos perdoando quem nos enganou, traiu, discriminou, maltratou…? Vale refletir.

Ao iniciar seu trabalho com os jovens do colégio de Schoenstatt, Pe. Kentenich encontrou uma capelinha dedicada a São Miguel. O lugar havia se transformado em uma espécie de depósito de ferramentas. Removendo tudo o que era velho e assumindo que “as coisas antigas já se passaram” nosso Pai-Fundador pôde dizer com seus alunos: “Aqui é bom estar” e ainda, “Não seria possível que a Capelinha (…) se tornasse nosso Tabor, no qual se manifestam as magnificências de Maria?”(7). Hoje, nos 200 Santuários espalhados pelo mundo, sabemos que foi possível e que o convite foi prontamente aceito por parte da Mãe de Deus. 

 

E onde isso se relaciona com o “tal do perdão”? 

Muito bem, removendo de nossos corações as mágoas antigas, os ressentimentos, ódios e indiferenças, ferramentas que não tem serventia, não será possível convidar a Mãe de Deus para ocupar esse espaço e ali reinar? 

 

Um lugar de ferramentas velhas deu origem ao nosso Santuário Original; terrenos mais diversos ao redor do mundo viram crescer Santuários Filiais; casas de famílias de todas as línguas floresceram em seus Santuários-Lar e cada imagem peregrina leva consigo as mesmas graças do Santuário a cada família evangelizada. Podemos crer que uma visita da Mãe transformará o nosso coração em um lugar de graças, um “Santuário-Interior”! 

 

Da parte Dela, a resposta tem sido conhecida em mais de 100 anos de fidelidade! Dê a Ela e a Cristo esse espaço inutilizado do seu coração, é possível! PERDOE! 

Foto Ir. M. Nilza P. da Silva

 

Por Fernando Isac Miranda

 


Referências:

(1)Jo 15, 12;

(2) Mt 18;

(3) Mt 6, 12-15;

(4) Mc 2;

(5) Jo 5,1-18;

(6) 1Cor 10, 13;

(7) Pai e Educador Carismático – Maria Augusta Barbosa;

(8) Fl 4,13;

(9) Lucas 23, 34   ;

(10) Tecendo o Fio de Ouro – Emmir Oquendo Nogueira

 

 

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