Liberdade também é ousadia

21 de abril de 2020

Foto Ir. M. Nilza P. da Silva

 

Aprendemos essa lição da Mãe de Deus

 

Relembra-se, no dia 21 de abril, um dia de luta pela liberdade. Na década de 1790, Tiradentes e um grupo de inconfidentes se empenhavam para libertar o Brasil do domínio de Portugal e, passados tantos séculos, a luta pela liberdade continua viva em terra nacional, apenas as correntes são diferentes em cada lugar e situação. De todas essas batalhas atuais, a mais importante talvez seja a luta pela própria liberdade interior que cada pessoa vive.

 

A palavra ‘liberdade’ é muita ampla. Procurando no dicionário, entre as várias definições, encontra-se o termo ‘ousadia’. Liberdade e ousadia são características que podem definir o Movimento Apostólico de Schoenstatt. Pe. José Kentenich, o Fundador, foi ousado em convidar a Mãe de Deus para fazer morada numa pequena capelinha e selar com Ela uma Aliança, projetando a transformação mundial a partir dali. Ele sempre desejou que seus filhos espirituais fossem homens autênticos e livres: “Deveis esforçar-vos para conseguir o ideal da liberdade interior”.

 

Ele também viveu desse espírito: “O homem do além é o que procura decidir-se ousadamente e agir, estando pronto também a fazer o contrário daquilo que se costuma fazer, em geral. Minha vida de prisão e de Dachau foi uma única e grande arriscada até o fim. (…) Eu não conhecia o mínimo medo. Isto é bem compreensível: eu tinha doado tudo! Tal atitude requeria uma certa ousadia. (…) Eu pensei: tudo o que acontece no Campo de Concentração é asneira. Não é o central das coisas. O central é o desprendimento total de si mesmo e o abandono radical a Deus. Isto perfaz a personalidade livre” (Novena Livre em Algemas).

 

A liberdade almejada pelo Pai e Fundador não é só a liberdade física, mas, principalmente, a liberdade interior de entregar-se e confiar totalmente no Bom Deus. Talvez alcançar essa liberdade seja o mais difícil, mas temos Maria como maior exemplo de liberdade. E, neste Ano Mariano, onde os olhares se voltam para Ela, nada melhor do que buscar na Mãe de Deus o grande exemplo de liberdade e também de ousadia.

 

Maria nos educa para a liberdade

Ela quer ver seus filhos livres, isso é um fato que ganha maior acento à luz dos 300 anos de Aparecida. Para compreender, basta recordar o episódio de escravo libertado, que viu as algemas se romperem pelo grande amor da Mãe. A cor negra da padroeira traz justamente essa mensagem de liberdade.

 

Pode-se pensar que Maria, por ser mulher e dizer sempre ‘sim’, não era um ser livre. Mas, na verdade, ela teve a liberdade de escolha. Na anunciação ela disse ‘sim’, mas não sem antes questionar ao anjo de Deus como seria possível aquela concepção. Se Maria não fosse um ser totalmente livre, não atenderia ao chamado de Deus, talvez se preocupasse com as pressões da sociedade… Mas ela teve ousadia na fé, disse sim e acreditou em Deus.

 

O Pe. Kentenich escreve: “Ela representa, de certa forma, uma personalidade de extraordinário valor ético. Justamente pela sua dependência de Deus, está consciente do grande dom da liberdade, que coloca inteiramente ao dispor do doador de todos os dons. Este, por um lado, inclina-se diante da majestade da livre vontade e não quer redimir o mundo sem o livre sim que a corredentora pronuncia em nome de toda a humanidade. Ao homem despersonalizado e desmoralizado, ela contrapõe a personalidade livre, fundada em Deus e inserida na ordem divina. Mostra-nos que Deus valoriza e protege nossa liberdade e não quer redimir e santificar o mundo sem nossa colaboração” (Maria Mãe e Educadora, ed. 2017, pág 145).

 

Quando Maria perdeu o Menino Jesus durante uma peregrinação, ao encontrá-lo ela cumpriu seu papel de Mãe e o repreendeu. Ela teve a liberdade e a ousadia de exercer sua função maternal. O primeiro milagre realizado por Jesus foi por intermédio de sua ousada mãe, Maria. Jesus pode ter hesitado, mas cedeu perante a ousadia de Maria e transformou a água em vinho. Maria, provavelmente, durante toda a criação de Jesus experimentou dessa liberdade e ousadia, frutos do amor e da confiança mútua. Sendo filho de Deus, Jesus foi criado e educado por Ela e sua ousadia em questionar os Mestres da Lei e instaurar um novo mandamento, de certa forma, traz traços da educação humana que recebeu.

 

É natural na mãe buscar a liberdade dos filhos. Assim ela faz! Do Santuário nos educa para a liberdade, para que sejamos personalidades novas, à sua imagem, que saibamos responder com ousadia as correntes do tempo, enfrentando as correntes que aprisionam, sejam elas físicas ou espirituais.

 

Por Poliane Bôsco Florenzano/Karen Bueno

Foto Ir. M. Nilza P. da Silva

 

Fonte: Portal Nacional

 

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