As tentações do ter, do prazer e do poder não preencherão o vazio no coração do homem moderno.

7 de março de 2020

 

Nós vivemos num tempo em que falar de Deus tem se tornado algo estranho e absurdo. As pessoas têm se tornado cada vez mais materialistas e envolvidas apenas com o natural e ordinário e as relações humanas tem se tornado negociações frias e interesseiras, e muitas vezes relações de troca, sem gratuidade ou altruísmo. Existem casos que a caridade até acontece, não para o bem do outro, mas para satisfazer um constrangimento social. E assim o homem moderno vai se tornando cada dia mais vazio, oco, num mundo insensível e áspero.

 

O homem tenta preencher o vazio em sua alma cedendo às tentações do TER, do PRAZER e do PODER, porém a cada dia que passa o vazio interior se torna maior.

 

Em 1912 o Padre José Kentenich já nos preveniu sobre isso:

 

Não é preciso ser grande conhecedor do mundo e do homem para constatar que o nosso tempo, com todo o seu progresso, com todas as suas descobertas, não pôde libertar as pessoas do seu vazio interior. É que todas as atenções, todas as iniciativas têm exclusivamente como objeto o macrocosmo, o grande mundo, o mundo exterior a nós próprios. Na verdade, não hesitamos em manifestar a nossa admiração pelo gênio humano. O gênio humano dominou as poderosas forças da natureza e submeteu-as ao seu serviço. Alcança qualquer distância na terra, sonda as profundezas do mar, perfura as montanhas da terra e voa pelo espaço. O impulso de pesquisa leva-o cada vez mais longe. Descobrimos o polo norte e descortinamos continentes obscuros, examinamos com raios novos o nosso sistema ósseo, o telescópio e o microscópio desvendam-nos todos os dias mundos novos.

 

Porém, há um mundo sempre antigo e sempre novo, um mundo – o microcosmo, o mundo em pequeno, o nosso próprio mundo interior – que continua desconhecido e inexplorado.

 

Não existem métodos, ou pelo menos métodos novos, para radiografar a alma humana. “Todos os domínios do espírito foram cultivados, todas as faculdades potencializadas, só o mais profundo, o mais interior, o mais essencial da alma imortal é que continua, demasiadas vezes, a ser um terreno por cultivar”, lamentam até os jornais. É por isso que a nossa época é de uma pobreza e de um vazio interior assustadores. (Trecho do Documento de Pré-Fundação – 27 de outubro 1912)

 

Mas como combater estas tentações que tornam o homem escravo? Como preencher o vazio que deixa a vida sem sentido? Como trazer esperança para o coração do homem moderno? Através da autoeducação!

 

A autoeducação é um imperativo da religião, um imperativo da juventude, um imperativo do tempo. (Trecho do Documento de Pré-Fundação – 27 de outubro 1912)

 

“Sob a proteção de Maria queremos aprender a educar-nos a nós mesmos, para sermos personalidades firmes, livres e apostólicas”. (Trecho do Documento de Pré-Fundação – 27 de outubro 1912)

 

 

Em Jesus vencemos as tentações do ter, do prazer e do poder nadando contra a corrente do mundo.

 

Através da autoeducação venceremos a tentação do TER, do egoísmo que nos torna solitários. Busquemos a virtude da partilha e da empatia, e ofereçamos ao Filho Heroico do Pai os nosso cinco pães e dois peixinhos para fazermos a revolução do amor, do cuidado e do encontro.

 

Através da autoeducação venceremos a tentação do PRAZER, da vaidade e do consumismo. Busquemos a virtude da humildade e da simplicidade, e ofereçamos ao Cristo Tabor aquilo que somos em nossa essência, não por vaidade ou orgulho, mas revelando o Seu rosto transfigurado.

 

Através da autoeducação venceremos a tentação do PODER, do autoritarismo e do orgulho. Busquemos a virtude do serviço e do despojamento e ofereçamos ao Cristo Rei do Universo toda honra e toda glória através de uma vida digna, nobre e santa.

 

Não podemos retroceder no caminho da salvação. A Quaresma é um tempo propício para uma mudança de vida, para resgatarmos a nossa dignidade de filhos de Deus. “Eis o tempo da conversão, eis o dia da salvação!” (2Cor 6,2)

 

“Então avancemos! Sim, avancemos na pesquisa e na conquista do nosso mundo interior através de uma autoeducação consciente dos seus objetivos. Quanto maior o progresso exterior, maior o aprofundamento interior.

 

É o que exige o nosso ideal e o ímpeto do nosso coração, é o que exige a nossa sociedade, é o que exigem sobretudo as pessoas, especialmente aquelas com as quais nos vamos encontrar mais tarde na nossa futura atividade”. (Trecho do Documento de Pré-Fundação – 27 de outubro 1912)

 

“O universo, com alegria, dê glória ao Pai, no Espírito Santo, em seu esplendor, louve-o por Cristo e com Maria, agora e na eternidade. Amém. (RC Ofício de Schoenstatt)

 

 

Por Kennedy Rocha

* Kennedy Rocha pertence ao Ramo da Liga de Famílias de Schoenstatt do Santuário Tabor da Liberdade

 

Imagem de Gipfelsturm69 por Pixabay 

 

 

 

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