A cultura do descartável

28 de julho de 2020

 

Dia após dia temos adotado e disseminado a “cultura do descarte”, eliminando de nossas vidas tudo que nos gera incômodo e nos rouba o prazer, cultura que têm atingido em cheio os nossos relacionamentos e a vida espiritual. 

 

Quantas vezes, durante a caminhada, vemos irmãos e irmãs partirem, abandonarem nossos movimentos e pastorais, “esfriarem” na fé. A nós não cabe julgarmos ou omitirmos nossa ajuda, mas nos posicionarmos à porta do aprisco a fim de insistir na permanência da ovelha querida do nosso Bom Pastor[1]. 

 

Como evangelizadores, usar todos os meios que o Espírito Santo nos endereça para trazer as ovelhas que se afastam ou que nunca ouviram falar do Cristo que também por elas morreu e ressuscitou.

 

“Aquele que tem o dom de ensinar, que ensine; se for o dom de exortar, que exorte. Quem distribui esmolas faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo. Se exercer dom da misericórdia o faça com alegria”[2]. Tudo isso conspira para o que a obra de Schoenstatt é chamada a ser: “Ela é de dimensão múltipla e universal (…) abrangendo todos os setores da Igreja. Vai da vida de eremitério, passando pela contemplativa, até as atividades externas mais diversificadas”[3]. 

 

Marido e esposa que não se relacionam, não conversam, não manifestam afeto (como se isso fosse uma agressão à sua autoridade) vão eliminando um ao outro de forma lenta e dolorosa. “Se permanecermos fiéis às leis do matrimônio, se resistirmos aos gozos e prazeres do tempo atual e consagrarmos toda a nossa força à família, não apenas a tornamos feliz, mas tudo colocamos à disposição da Mãe de Deus”[3]

 

Pais não deixem a internet e a TV educarem os seus filhos. “A mãe ao dar à luz um filho, assume naturalmente a obrigação de proporcionar-lhe alimento, educação e orientação” e assim também o pai [4]. 

 

“Filho, ampara teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto vive. Ainda que perca a razão, sê tolerante e não o desprezes, tu, que estás em teu pleno vigor”. Não exclua seus pais de suas conquistas e também de suas tristezas, mas permita-se amá-los e ser amado por eles.

 

Amigos, não tenham medo de deixar vir à tona vossas misérias e limitações pelo receio de serem eliminados pelos seguidores virtuais. Construam amizades sinceras com boas risadas, com a presença um do outro, ofertando tempo e compadecendo-se das fraquezas do amigo. Não vamos reduzir a amizade genuína aos elogios nos comentários e curtidas online. 

 

Deus, por primeiro, não nos descarta!

Como Deus ama as suas ovelhas e as chama pelo nome[5], sabemos que o amor de Deus por nós é pessoal e que, nos amando, Deus não nos descarta. Ele mesmo o diz: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca”![6] 

 

No transbordar desse amor divino, o Pai celestial convida todos os seus filhos a “serem conformes à imagem de seu Filho”[7] que não nos elimina e por amor “tudo desculpa, tudo crê, tudo suporta”[8]. 

 

Em todos os âmbitos da nossa vida cotidiana, como família, amigos ou servos de Cristo: “se alguém for apanhado em alguma falta, vós que sois espirituais corrigi-o com delicadeza. Carregai o peso uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”[9].

 

E fazendo todos esses esforços, sem deixar ninguém para trás, multiplicamos as nossas ofertas ao Capital de Graças e a Mãe de Deus se estabelece, prontamente, em nossas vidas. Ela o diz: “adquiti muitos méritos e ponde-os à minha disposição. Então de boa vontade estabelecer-me-ei em vosso meio e distribuirei dons e graças em abundância”[10]. 

 

Sendo imitadores de Cristo e desejosos de alcançar os favores de sua Santíssima Mãe, não deixemos que a cultura do descartável nos governe. Superemos o mal com o bem, vençamos a ‘cultura de eliminar’ com a cultura da Aliança de Amor[3]. 

 

 

Por Fernando Isac Miranda

 

[1] Lc 15; 

[2] Rm 12,7-8; 

[3] Algo novo está se criando – Ir.M.Fernanda; 

[4] Maria – Mãe e Educadora – Pe. Kentenich; 

[5] Jo 10,3;

[6] Is 49,15;

[7] Rm 8,29;  

[8] 1cor 13,7; 

[9] Gl 6,1-2;   

[10] Documentos de Schoenstatt – Pe Kentenich

 

 

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